domingo, 12 de dezembro de 2010

2010, o ano que passou

E que ano...

Esse foi o ano mais difícil da minha vida. Os sinais de tristeza, melancolia e isolamento que apareceram depois do Carnaval de 2008, culminaram num episódio depressivo grave, associado a Síndrome do Pânico.

Eu não vivi nesses últimos 2 anos, passei de uma pessoa alegre a divertida, a uma bomba relógio, agressiva e a ponto de explodir por qualquer coisa. Tenho pena de quem teve que conviver comigo nessas circunstâncias, em minha defesa, só posso dizer que é difícil perceber que você está passando por um episódio de depressão.

O auge da minha depressão aconteceu numa viagem a São Paulo, eu praticamente surtei, desligei o celular, me tranquei no meu mundinho, e fiquei incomunicável, só meus pais falavam comigo. Para ilustrar o tanto que me isolei, durante essa viagem foi meu aniversário, e eu não atendi nenhuma ligação... life sucks, and what can we do about it, right?

Voltar a Curitiba foi um parto, cheguei aqui, me joguei na minha cama, e lá fiquei, por 1 mês. Sim, eu fui ao psiquiatra durante esse mês, mas a abordagem de tratamento que ele escolheu, não me ajudou em nada, era uma coisa da linha: tudo ao seu tempo.

Até que numa noite eu desmoronei, tive uma crise de choro por estar com medo de ficar sozinha, algo que nunca me afligiu antes, de repente passou a ser quase uma ameaça a minha vida. Seguramente posso dizer, que nessa noite, tive medo de morrer.

Não sei de onde tirei forças pra ligar pra uma das minhas melhores amigas, e na mesma hora, ela e sua mãe me acolheram, e então eu pude dormir, descansar e no dia seguinte, lá estava eu na sala de espera de outro psiquiatra. Dessa vez, um outro plano de tratamento: um anti-depressivo dos bons e a ordem médica: Saía de casa, e re-ensine seu cérebro a se divertir com as coisas que você gosta.

Se você nunca teve depressão, nem tem/teve um convívio íntimo com uma pessoa depressiva, você não conseguirá imaginar como pode ser difícil sair de casa e se divertir. Mas é... e o legal é que meu segundo psiquiatra me deixou muito segura ao me mostrar que ele sabia o quão difícil seria pra mim sair de casa pra ir ao cinema, e ele me lançou o desafio: sim, é difícil, mas se você começar a fazer isso, você se recupera rápido.

Desde aquele dia, 19/10/2010, eu me obriguei a sair TODOS os dias: voltar a nadar, ir ao shopping, ir ao cinema, visitar um amigo, sair pra jantar. E o resultado? Em 45 dias eu tive a virada, e a virada foi de 100%.

Aquela garota que não tinha pique pra nadar 1000m no começo do ano, hoje nada 2500m de segunda à sexta, vai ao cinema ao menos 3x por semana (já estou repetindo filmes), saí com os amigos, voltou a sorrir, ser alegre, divertida. E o melhor: nada mais me tira do sério, nem me estressa, nem operadora de Telemarketing.

Muitas pessoas ainda tem preconceito em relação a depressão. Alguns dizem que é doença de desocupados, de ricos, de gente que tem tempo. Pois bem: não sou desocupada, nem rica, e tempo não é algo que me sobra. E mesmo assim passei 2 anos deprimida, sendo que de maio/2010 a set/2010 essa doença progrediu rapidamente em mim.

Depressão pode estar associada a um problema químico no cérebro, lá na sinapse, e isso não tem terapia/análise/apoio psicológico que resolva. Mas ainda bem que temos a farmacologia e o avanço na área de anti-depressivos é impressionante. Esqueça aqueles remédios que te deixam babando na frente da TV, que nem um vegetal. Isso é coisa do passado.

Hoje eu tenho uma alta parcial, isto é, as consultas no psiquiatra estão mais espaçadas, e a dose do remédio foi ajustada pra baixo. E eu, bom eu voltei a ser quem eu era, e isso não tem preço.

2 comentários:

  1. Andei por essas bandas, já.
    Caminho sem mapa, dos mais difíceis.
    E, incrivelmente, a saída está sempre ao nosso alcance, mesmo que pareça longe ou que faltem forças.
    Parabéns.

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  2. Que relato, que força, heim?
    Parabéns por saber, hoje, ligar com tudo que aconteceu. Tu olha para trás e enxerga, observa e desvia a rota. Isso não tem preço, te fez uma pessoa melhor.
    Segue a vida, cheia de batalhas.
    Parabéns pelo texto, vamo que vamo, Marilia!

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