Chegadas e Partidas

Não sei precisar o dia que você chegou... assim como não sei dizer o dia que te conheci. Mas lembro quase cada detalhe do dia que nos tornamos amigos. Foi num sábado, na sessão do professor. O filme não lembro, mas me lembro que depois do cinema, almoçamos na praça de alimentação do shopping, tomamos café, ficamos horas conversando, fizemos compras na Granado, brincamos com a vendedora que não sabia o que fazer conosco, nos despedimos mais de nove da noite, e combinamos uma pizza, que nunca fomos comer.

Até hoje me pergunto: por que demoramos tanto em realmente nos conhecer? Quantos dias "perdemos"... mas pelo menos soubemos aproveitar cada dia desde esse encontro.

Inúmeras idas ao cinema, inúmeros almoços, cafés, jantares. Te encontrar era sempre a certeza de uma conversa fácil, uma amizade gostosa, sem cobranças ou frescuras. Confidências, planos, conhecer coisas novas. Você manda o SMS: "saindo", e era o tempo de eu descer e já encontrar teu carro na porta do prédio. Uma sincronia perfeita.

De todas as pessoas que conheci desde que me mudei para Curitiba, você foi a qual eu mais me identifiquei. E como doía cada dia que passava e eu sabia que era um dia a menos para sua partida.

Fizemos várias despedidas: a da confeitaria, a dos amigos, a do laboratório, a nordestina. A despedida do esvaziar o apartamento. Até que não houve mais uma despedida, você apenas foi...

Era uma quinta-feira, um dia maravilhoso de sol... toda a minha reza para que houvesse um temporal e teu vôo cancelasse não adiantou.

Você foi para sua casa, sua família, reassumir seu emprego. Eu fui para casa, também ficar com a minha família, mas com uma tristeza no coração. A tristeza de saber que, no meu regresso, você não estaria aqui.

Me isolei, quis fazer de conta que você foi apenas um sonho, um sonho que sonhei acordada. Me perdoa se te magoei com meu silêncio e minha ausência. É que simplesmente não sei lidar com perdas. 

As férias acabaram, e eu voltei para Curitiba. Passei pela sua casa e chorei. Fui ao cinema a semana toda, e quase sempre chorei. Chorei de saudades, chorei porque meu programa estava incompleto. Chorei porque faltava você.

Mas já estou me acostumando... até consegui falar com você na sexta e hoje. Sinto tua falta. E ainda preciso de um tempo para me acostumar com a tua ausência.